Por entre as memórias da ditadura militar no Brasil:
a oralidade das lembranças em meio a fragmentos da história
Palabras clave:
Ditadura Militar no Brasil, Memoria Oral, MilitânciaResumen
Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a violência perpetrada pelo regime foi de tal magnitude que a história oficial fragmentou e apagou muitos dos eventos ocorridos. Essa estratégia deliberada de dissociação histórica descontextualizou as atrocidades, transformando-as em eventos isolados e desconexos. Nesse sentido, pode-se depreender de que a documentação e a preservação histórica são moldadas por relações de poder, resultando no silenciamento de narrativas inconvenientes ao regime. No Brasil, essa manipulação resultou na ocultação dos relatos de tortura, morte e desaparecimentos, dissociando-os do contexto do regime e de seus responsáveis. Em contraste com essa tentativa de apagamento, o Memorial da Resistência, em São Paulo, busca preservar a memória histórica dos sujeitos que vivenciaram este período histórico. Neste contexto, este artigo tem como objetivo compreender a ditadura militar no Brasil (1964-1985) por meio da memória oral de sujeitos históricos que foram silenciados durante este período, de modo a reconhecer suas experiências na construção da história coletiva e das identidades individuais. A visita de MMA, um ex-militante que lutou contra o regime, ao Memorial da Resistência, representa uma reconexão com um passado que, embora doloroso, não pode ser apagado. Com base em metodologia qualitativa-exploratória, o presente artigo consiste na articulação entre (i) análise documental do acervo do Memorial da Resistência e (ii) a memória oral de militante contrário ao regime militar coletada durante realização de visita conjunta ao Memorial da Resistência. Destaca, assim, que, embora a transição para a democracia tenha sido marcada por concessões, a preservação da memória das violações cometidas pelo regime militar permanece central nas demandas da sociedade civil. O Memorial da Resistência pode simbolizar essa luta, garantindo que as atrocidades do passado não sejam esquecidas e que as futuras gerações possam aprender com os erros da história.
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